Pesquisa científica

11:23:00PET Educação UFMT


EDUCAÇÃO PARA LIBERDADE: OS TEMAS GERADORES.
Luana da Cruz Burema - Depto. de Pedagogia - UFMT
Cátia Tavares - Depto. de Pedagogia - UFMT
INTRODUÇÃO:
O final da década de 1960 foi um período de grande oposição à Ditadura Militar com inúmeros movimentos e passeatas, como a de 26 de julho de 1968, conhecida como a “Passeata dos Cem Mil”. Foi naquele cenário que muitos artistas, escritores e educadores foram exilados, inclusive Paulo Freire. Enquanto encontrava-se no Chile, Freire escreveu um dos seus livros mais importantes: Pedagogia do Oprimido, publicado no ano de 74. Nele o autor propunha que os conteúdos da educação popular não poderiam mais ser pensados sem conhecer a realidade do povo, sem considerar o seu ambiente, sua linguagem, modo de pensar e de se relacionar. A educadora Sandra Corazza, no livro Tema Gerador Concepções e Práticas (1992), destaca que Freire percebia a necessidade de dialogar com as massas populares para conhecer suas necessidades, desejos e aspirações. Só assim seria possível definir quais os conteúdos necessários para a liberdade. Freire propôs a alfabetização por meio de uma estratégia didática a que chamou de “temas geradores”. O presente artigo destaca essa nova metodologia de ensino, fundamentada na dialética e que vem sendo aprimorada e aplicada em diferentes regiões do Brasil e do mundo por milhares de educadores.
OBJETIVO DO TRABALHO:
Este trabalho tem por objetivo discutir a proposta pedagógica dos temas geradores, seus limites e possibilidades de aplicação no âmbito universitário tendo como cenário o Curso de Pedagogia da UFMT.
MÉTODOS:
Para a realização do estudo, inicialmente foram lidos os livros Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire e Tema Gerador Concepções e Práticas de Sandra Mara Corazza, com o intuito de conhecer as bases conceituais dessa proposta pedagógica. Escolheu-se o Curso de Pedagogia da UFMT como local do estudo por conhecer sua estrutura curricular, ter facilidade de levantar as informações e de estabelecer diálogo mais permanente com docentes e discentes. Adotou-se a técnica da observação dirigida e elaborou-se um roteiro de questões para definir os aspectos observados, de forma que revelassem a convergência ou não das práticas acadêmicas com as proposições do método freireano. Os resultados das observações foram sistematizados em quadros de ocorrência e serviram de base para os resultados finais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O método que leva o nome do seu autor ainda é bastante prestigiado no meio acadêmico, não obstante poucos docentes o adotam efetivamente em sala de aula. Por essa razão, pode-se perguntar: Quais os aspectos mais difíceis de serem utilizados nas universidades? Quais são os limites que na atualidade este modelo de ensino apresenta? Existiria possibilidades concretas desse método ser aplicado no ensino superior? Um dos limites que acaba comprometendo o uso de temas geradores é o fato dos professores não se aprimorarem para aplica-lo. Por exemplo, alguns educadores simplesmente escolhem os temas sem levar em consideração o contexto em que os educandos vivem. Outro aspecto restritivo é a organização curricular por disciplinas e por módulos sequenciais. Essa forma de organizar o conteúdo induz o professor à fragmentação e não à abordagem articulada dos temas de estudo. Um terceiro fator limitador é a falta de critério para definir a ordem e sequência das disciplinas. Essa falta de um planejamento ou a sua alteração aleatória, não permite a apresentação e o ensino de temas correlatos ou convergentes. Com a adoção de novo modelo de ingresso nas universidades, os professores desconhecem o contexto específico dos estudantes, o que limita a adoção de temas adequados para cada turma.
CONCLUSÕES:
Para Paulo Freire a educação tem que ser libertadora, trazer a realidade e a consciência ao educando o tornando um ser histórico e crítico da sua própria natureza. Influenciado por Karl Jaspers, defende a bandeira de um diálogo horizontal, fraterno e libertador. Sua proposta tende a inserir o aluno no centro do processo de ensino e aprendizagem, trazendo a realidade para interagir com as práticas educativas que são desenvolvidas nas escolas e nas universidades. No estudo em foco ficou evidente a falta de dialogo entre educador e educando, pois como os temas não partem da realidade do aluno, os alunos não são livres para contribuir nas escolhas dos temas e não têm participação na definição do currículo. A universidade parece não querer se preparar para uma educação libertadora, que possibilite levar o aluno a pensar e aprender sobre conteúdos de sua realidade. As metodologias adotadas no curso não correspondem ao proposto por Paulo Freire e os temas geradores são, praticamente, esquecidos ao longo do desenvolvimento das disciplinas. Alguns professores não consideram a metodologia adequada para o ensino superior.
Palavras-chave: Educação libertadora, Método freireano, Curso de Pedagogia


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